Atualmente muitos debates científicos têm alcançado o público por meio da internet. É sabido que na ciência, é comum haver a discussão e superação de certos paradigmas, isto é, não é anormal que uma teoria seja refutada por outra. Na verdade esse movimento é natural do pensamento científico e atualmente muitas questões têm movimentado o campo.
O terraplanismo por exemplo, reuniu tantos adeptos que conseguiu fazer com que uma primeira conferência fosse realizada no ano de 2017. Para entender melhor o que seria a terra plana, a BBC convidou o geofísico James Davis, da Universidade de Columbia, para explicar como seria o mundo e as leis da física em um cenário como esse.
Neste artigo você vai encontrar os seguintes tópicos:
- O resgate do paradigma;
- Como seria a gravidade;
- Resgate do geocentrismo;
- Os problemas dessa hipótese;
- Como fica o campo magnético da Terra;
- O movimento das placas tectônicas em uma Terra plana;
- Entenda mais sobre a teoria pseudocientífica.
O resgate do paradigma
Nos dias atuais existe uma grande discussão acerca do que seria ciência e da rigidez das teorias científicas. Muitos adeptos de suas especulações acabam tornando-se enrijecidos, isto é, não aceitam a refutação de antigos paradigmas.
Argumentos como este são constantemente utilizados por terraplanistas, que buscam debater essa concepção, este tipo de hipótese foi amplamente difundida e defendida até o século XVII, na Idade Média ou no período clássico grego, acreditava-se que a terra teria formato plano ou mesmo de um disco.
Apesar do resgate da hipótese, atualmente cientistas possuem ferramentas e o acúmulo de conhecimentos e experiências passadas que evidenciam as falhas dessa teoria. Sendo assim, reunimos algumas especulações de especialistas sobre a suposição de que a terra é de fato plana, confira abaixo como seriam as leis da física caso a consideração estivesse correta.
Como seria a gravidade
Nesse contexto hipotético, a gravidade deveria exercer a sua força ao “puxar” os elementos para baixo. Segundo James, essa concepção é errônea por não ser exatamente assim que opera as leis da gravidade. Segundo o geofísico a força gravitacional exerceria sua ação ao "puxar'' os elementos para o centro.
Caso a terra fosse mesmo plana ou em formato de disco, a força gravitacional operaria puxando os objetos na horizontal. Ou seja, qualquer planta ou árvore cresceria na diagonal, assim como a água dos oceanos, lagos e rios que seriam atraídos para o centro do disco.
Sendo assim, para James Davis, a força G nesses termos teria efeitos estranhíssimos, até uma simples caminhada seria realizada com muita dificuldade, a gravidade estaria constantemente atraindo-nos para o centro do disco. Imagine subir uma colina muito íngreme, caso o caminhante tropeçasse no percurso, acabaria sendo puxado para o centro do planeta.
Resgate do geocentrismo
Por muitas décadas e até séculos, a comunidade científica da época aceitou o argumento de que a Terra seria não só o centro do sistema solar como também o centro do universo. Essa concepção foi amplamente aceita e difundida, ficou conhecida por geocentrismo.
A concepção geocêntrica foi aceita até a reformulação do heliocentrismo proposto pelo astrônomo grego, Aristarco de Samos por volta de 310 a.C. o resgate da teoria foi feito por Nicolau Copérnico publicado em 1543 no livro “Da revolução de esferas celestes”.
Atualmente, os terraplanistas tentam fazer o resgate dessa hipótese, entendem que o Sol funciona como uma lâmpada, que emite luz em ambos os lados do planeta, mas não chegam a postular sobre a existência de uma órbita.
Os problemas dessa hipótese
De acordo com o geofísico entrevistado pela BBC, James Davis, se o planeta não possuísse uma órbita, acabaria facilmente expelido do Sistema Solar. Outra questão seria explicar a ocorrência de eclipses e a mudança de estações do ano, que ocorrem justamente pelo formato esférico do planeta.
Caso a Terra fosse mesmo o centro do universo e do Sistema Solar, ela deveria ter uma massa superior a do Sol. Apesar de já sabermos que a estrela possui uma massa 100 vezes superior ao diâmetro da Terra, os adeptos da teoria da Terra plana não aceitam o que já foi apreendido pela ciência atual.
Alguns grupos organizados de terraplanistas, negam também a concepção do geocentrismo, por entenderem que a teoria aceita que a Terra tem um formato esférico. Contudo, ainda não possuem teorias suficientes para sustentar sua suposição de Terra plana.
Como fica o campo magnético da Terra
Um dos pontos mais problemáticos da teoria pseudocientífica da Terra plana, é a falta de uma especulação acerca do campo magnético do planeta. Para quem nunca ouviu falar sobre este campo, saiba que ele é o responsável pela pela manutenção de toda a vida no planeta.
Este campo é o responsável pelo desvio das partículas emitidas pelo Sol, caso estas pudessem atravessar o campo, elementos de comunicação como rádio e internet seriam impossíveis de funcionar. As teorias atuais concebem que o planeta funciona como um imã que produz o campo magnético.
O campo teria origem no centro da Terra, isto é, em seu núcleo. Um planeta no formato achatado ou plano, não seria capaz de formar um núcleo, por isso não seria possível haver um campo magnético.
Caso não existisse um campo com essas características, o ar e os mares seriam evaporados e perdidos para o espaço. Não havendo uma atmosfera, não seria possível haver vida no planeta, teorias indicam que esta foi o que aconteceu com Marte ao perder seu campo magnético.
O movimento das placas tectônicas em uma Terra plana
Antes de começar a postular sobre uma possível teoria do movimento sísmico em uma Terra plana, o geofísico James Davis, informa que a hipótese desse movimento só se encaixa com seguridade em um cenário de Terra esférica.
Com base no conhecimento de Davis, o movimento das placas tectônicas só ocorre graças o formato esférico da Terra, isto é, se uma formação da Terra atravessa a crosta terrestre, como foi o caso da formação da cordilheira dos Andes, do outro lado do planeta também é afetado, há um contrabalanceamento, se um forma crosta o outro lado a consome.
Por exemplo, ao formar cordilheiras de montanhas, em algum local ocorrem também as famosas depressões que dão origem a vales. Sendo assim, podemos dizer que os choques ocasionados pelo encontro de placas tectônicas é “compensado” em outro local do planeta, esse movimento só é possível graças ao formato esférico do planeta.
Entenda mais sobre a teoria pseudocientífica
O vídeo a seguir do canal do YouTube Casa do Saber, traz mais informações sobre a teoria pseudocientífica que tem conquistado adeptos no mundo inteiro. O professor de física Adilson de Oliveira foi convidado pela equipe do Casa do Saber para explicar um pouco mais sobre essa hipótese controversa, assista a seguir.
No vídeo acima, o professor Adilson busca explicar algumas evidências sobre o formato esférico do planeta Terra. Vale ressaltar o comentário do professor Adilson, sobre o curioso movimento de “descrença” no conhecimento científico atual. Caso ainda restem dúvidas da veracidade do formato esférico da Terra, teste você mesmo, clique aqui e descubra mais sobre alguns possíveis experimentos.