No decorrer da Segunda Guerra Mundial, durante o tempo em que os países aliados enfrentavam seus inimigos nos campos de combate, um grupo de pilotos ganhava atenção com suas aeronaves com caudas vermelhas.
Na mídia do nazifascismo, que recorria aos princípios de liberdade e igualdade, os chamados Tuskegee Airman (ou também Red Tails), compunham um grupo de pilotos afro-americanos precursores em sua modalidade de combate.
Segregação racial dominava EUA na época
Na época em que os Estados Unidos enfrentavam seus inimigos durante a Segunda Guerra, ainda faltavam 22 anos para que Martin Luther King discursasse sobre seu sonho de igualdade racial.
Se a propaganda dos aliados simbolizava as desvantagens de uma sociedade segregada, os Estados Unidos não se sentiram muito constrangidos ao permitir que a comunidade negra obedecesse à lei Jim Crow, promulgada no final do século XIX.
Na verdade, a lei de Jim Crow estabeleceu a segregação racial em todos os locais públicos dos Estados Unidos. Isso inclui transporte público, academia, forças armadas, agências governamentais, etc.
As normas segregacionistas da época só foram rescindidas em 1964, após manifestantes como Rosa Parks, costureira negra que foi presa por negar dar seu assento a um homem branco, gerarem protestos.
Pilotos negros receberam treinamento apesar de segregação
Somente em 1939 foi ratificada uma norma que previa fundos a treinamentos de pilotos afro-americanos, de modo a suprir a alta preocupação de um possível cenário de guerra ao nível global, o que já era projetado na Europa.
O Departamento de Guerra da época elegeu militares disposto a treinarem pilotos negros em escolas de aviação civil. Até então, as chances de uma escola aceitar um aluno “de cor” eram baixas, pois eram proibidos de ingressarem nas forças armadas.
Os cadetes selecionados foram encaminhados à Tuskegee University, caracterizada pela excelência acadêmica. A instituição ficou conhecida pelo aluno George Washington Carver, que criou técnicas de cultivo mais rentáveis.
Os chamados Tuskegee Airman foram atribuídos a duas unidades de aviação do Exército dos EUA. Respectivamente, o 332º grupo de caças e o 477º grupo de bombardeiros da escola.
Primeiro grupo de pilotos negros
Primeiramente, o grupo original de pilotos militares negros foi o 99th Pursuit Squadron. Um grupo de 271 recrutas foi treinado em 1941, pouco antes do ataque a Pearl Harbor, que colocou os EUA na guerra.
Grupo se destacou devido ao intenso treinamento
Graças ao contexto histórico, o Tuskegee Airman se evidenciou pela série intensa de treinamentos únicos. Um dos diferenciais principais foi o requisito de ter um médico “de cor” no grupo, o que não era exigido por nenhum grupo de aviação.
Para dificultar, o alto comando do exército não tinha conhecimento sobre como encaminhar os pilotos à guerra, pois para isso era preciso oficiais negros, o que não tinha. A partir daí, foi necessário seguir uma agenda política para atender as demandas.
Mesmo que o 447th Bombarment Group tenha treinado com os bombardeiros B-25 Mitchell, eles nunca entraram em batalha. A preparação para todos os pilotos seguia o manual e a doutrina adotada nas forças armadas.
Grupos começaram a ser enviados para guerra
Ao mesmo tempo, o 332nd Fighter Group se tornou a primeira equipe de arrais que receberam treinamento para atuar na guerra na Europa. Originalmente, o grupo incluía o 100º, 301º e 302º esquadrões de caça.
Em 1943, o 99th Fighter Squadron foi o primeiro grupo de condutores negros encaminhados para o exterior. O esquadrão foi posicionado no norte da África, em abril, e posteriormente foram realocados para a Sicília, sul da Itália.
Os Bell P-39 Airacobras só ficaram três meses com os Tuskegee Airman
Inicialmente, o 99th Fighter Squadron recebeu o caça-bombardeiro Curtiss P-40 Warhawk como uma aeronave, que era relativamente grande se comparada aos caças já em serviço em 1943.
Em março de 1944, 100º, 301º e 302º receberam Bell P-39 Airacobras, mas apenas três meses depois passaram a voar com Republic P-47 Thunderbolt, representando uma elevação de capacidade.
Com a chegada da nova aeronave, os pilotos começaram a pintar as caudas das aeronaves de vermelho, marca esta que os deixaram conhecidos como. No ano seguinte, eles receberam o North American P-51 Mustang.
Red Tails recebem citação presidencial por desempenho
O 332nd Fighter Group rapidamente se destacou durante a escolta do bombardeiro na Itália, gerando o apelido de Red Tails Angels. Além disso, ganharam três prêmios Distinguished Unit Citations, concedido àqueles que realizaram bravura extraordinária na luta.
Marcas alcançadas pelos Anjos de Cauda Vermelha
Ao final do conflito, os Red Tails conseguiram alcançar as marcas abaixo:
- 992 condutores formados;
- 1578 missões de batalha;
- 179 missões de escolta de bombardeio (as quais perderam apenas 27);
- 112 aeronaves inimigas derrubadas e 150 destruídas no solo;
- 148 aeronaves danificadas seriamente;
- 950 veículos destruídos, sendo mais de 600 vagões.
Além de destruir cerca de 40 navios e barcaças das forças do Eixo, os Caudas Vermelhas também fizeram com que o navio contratorpedeiro Giuseppe Missori se retirasse da batalha.
História de pilotos foi retratada nas telonas
Para quem é fã de cinema e quer saber mais sobre o contexto histórico da época, detalhes como as operações ocorreram, ou mesmo ver como os pilotos precursores agiram, nossa equipe separou dois filmes.
Esquadrão Red Tails (Red Tails), de 2012 e do diretor Anthony Hemingway, retrata com drama e ação a forma como os pilotos enfrentam seus desafios na Europa. Por ser relativamente atual, os efeitos podem ser convincentes. Confira o trailer:
Prova de Fogo (The Tuskegee Airman) é um filme de 1995 do diretor Robert Markowitz. Mostrando a saga dos pilotos até a hora do combate, o longa é estrelado Malcolm-Jamal Warner e Laurence Fishburne.