Físico racista zomba de Einstein e dos judeus em carta antissemita de 1927 colocada em leilão

Foto: (reprodução/internet)

Em 1927, um físico ganhador do Prêmio Nobel chamado Philipp Lenard escreveu uma carta a um colega reclamando das conquistas recentes de Albert Einstein e refletindo que a academia e as ciências estavam se tornando dominadas pelos judeus.

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Lenard, um dos primeiros apoiadores do Partido Nazista da Alemanha, observou que uma nomeação de prestígio para Einstein não era merecida. Ele então se perguntou se os não judeus logo seriam totalmente eliminados.

A carta original, escrita em alemão, está em leilão no Nate D. Sanders Auctions em Los Angeles. A licitação para o item, que também inclui uma tradução em inglês, começa em US$ 16.000, de acordo com a lista do leilão.

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Um pouco do conteúdo da carta

Na carta - escrita ao físico Wilhelm Wien, outro ganhador do Prêmio Nobel - Lenard lamentou a "ação de Einstein", referindo-se à recente aceitação de Einstein na Academia de Ciências da Baviera em Munique, diz a lista do leilão.

A "intelectualidade superficial" da academia que elevou Einstein foi um "testemunho inesperado de sua dominação pelos judeus", escreveu Lenard.

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Ele passou a se perguntar como sua carta poderia ser vista no futuro, "desde que qualquer pessoa não judia ainda esteja viva", disse ele.

Mas, quando Adolf Hitler ganhou poder na Alemanha, não foram os não judeus que foram ameaçados de aniquilação iminente. Desde o início da Segunda Guerra Mundial, os nazistas começaram a assassinar sistematicamente judeus em toda a Europa, de acordo com o Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos.

Ao final da guerra, cerca de 6 milhões de judeus - mais de dois terços dos judeus europeus - haviam sido mortos.

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A desavença de Lenard com Einstein

Lenard, que nasceu na Hungria em 1862, ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1905 por seu trabalho com raios catódicos, levando à descoberta de elétrons e raios-X, de acordo com a Fundação Nobel.

Seus experimentos também exploraram o efeito fotoelétrico - a ejeção de elétrons quando a luz incide sobre o metal - e ele "nunca perdoou Einstein" por alcançar um maior reconhecimento a respeito desse fenômeno, nota a Fundação Nobel em uma biografia.

Mas a inimizade de Lenard contra Einstein também refletia convicções antissemitas profundamente arraigadas. Lenard era um membro tão dedicado do Partido Nacional Socialista de Hitler que os oficiais nazistas o nomearam Chefe da Física Ariana, de acordo com a biografia.

Em 1927, Einstein já estava bem ciente de que sentimentos antissemitas perigosos estavam ultrapassando a decência comum na Alemanha, ao lado de uma onda crescente de nacionalismo fanático e fascismo.

Cinco anos antes, em 1922, Einstein escreveu um bilhete para sua irmã Maja enquanto estava escondido. Ele fugiu de Berlim depois que extremistas assassinaram seu amigo Walther Rathenau, um judeu e ministro das Relações Exteriores alemão.

"Estou indo muito bem, apesar de todos os antissemitas entre meus colegas alemães", escreveu Einstein. "Aqui estão se formando tempos econômicos e politicamente sombrios."

O leilão da carta de Lenard termina hoje (29 de outubro) às 17h, horário do Pacífico (21h em Brasília).

Traduzido e adaptado por equipe Conhecimento Agora

Fonte: Live Science

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