Capítulo 1: Traição e Barganhas
Maria Luíza Duarte desceu correndo as escadas de sua casa, segurando um envelope que continha notícias de seu relatório médico – evidência de sua recente melhora, graças a Marco.
Apesar de ser soldado de seu pai, Marco a tratava com uma ternura que iluminava seus dias, mesmo que o relacionamento deles fosse clandestino.
Ignorando o mundo ao redor, ela se apressou pelo jardim em direção aos alojamentos dos soldados nos fundos. Ela conhecia bem o quarto de Marco; pretendia surpreendê-lo com suas boas notícias hoje.

Ao empurrar a porta entreaberta, seu coração disparou de antecipação. "Marco?" ela sussurrou, incrédula diante da visão devastadora diante dela. Marco estava nu com outra mulher no mesmo sofá onde ele uma vez tentou tocá-la. A imagem se fixou em sua mente enquanto ela ficava em pé, o envelope amassado em sua mão.
"Malu? Como você veio parar aqui?" A voz de Marco soou surpresa, mas antes que ele pudesse se aproximar dela, ela pegou um vaso próximo, os encharcou com água e estilhaços de vidro. "Fique longe de mim!" ela gritou, fechando a porta com força e fugindo para seu quarto.
Trancando-se, Malu desabou em lágrimas. Determinada a não deixar Marco destruí-la, ela enxugou o rosto e se recompôs.
Ela não poderia permitir que um homem ditasse sua vida ou emoções. Enquanto olhava pela janela, o movimento na casa chamou sua atenção – seu pai, acompanhado de Don Antony e de uma figura imponente que ela não reconhecia. Marco também estava lá, mas ela o ignorou, se fortalecendo.
Ela desceu para servir café, tentando parecer composta apesar da agitação. Ao se aproximar do escritório de seu pai com uma bandeja, ouviu falar de um novo acordo de paz envolvendo-a – ela congelou. Os russos a queriam como parte do acordo?
Tentando se acalmar, ela sem querer colidiu com uma figura alta e imponente que passou por ela, fazendo-a derrubar a bandeja. "Preste atenção!" Sua voz ecoou, mas quando ela se ajoelhou para pegar os caquinhos, sua presença marcante a dominou.
"Quem é você?" Malu conseguiu perguntar, mas ele a ignorou, caminhando para o escritório onde seu pai e Don Antony aguardavam. "Filha, conheça Alexei Kim," seu pai apresentou, revelando um repentino arranjo de casamento. O mundo de Malu girou enquanto ela lutava para entender seu destino.
"Alexei?" ela gaguejou, encontrando o olhar frio do homem que seria seu marido. Amargura subiu em sua garganta, mas ela sabia que não tinha escolha – a aliança com a Rússia era primordial.
Conforme a realidade se estabelecia, Malu se retirou para um quarto, buscando solidão. Alexei logo entrou, comandante e dominador. "Prepare uma mala. Você vai vestir o que eu providenciar," ordenou bruscamente, ignorando suas objeções. Ela se recusou a vestir as roupas de sua falecida esposa, provocando sua raiva, mas também despertando sua curiosidade.
"Na minha casa, eu estou no controle," Alexei afirmou, seu aperto no pescoço dela um lembrete arrepiante de sua nova realidade. Apesar de sua desafiança, Malu percebeu que seu destino estava selado. Amanhã, ela deixaria sua vida antiga para trás rumo à Rússia – um casamento de conveniência que mais parecia uma sentença de prisão.
Seu coração estava pesado com traição e medo; ela olhou pela janela onde Marco havia desaparecido. Com Alexei, ela encarava um futuro incerto – um caminho escolhido não por ela, mas pelo poder e política que a cercavam.